domingo, 3 de maio de 2015

O amor e a dor de amar.

Quem verdadeiramente sabe falar sobre o amor se até o amor gera discussão? Amar é dar o que se tem ou o que não tem? O que sobra em mim ou tudo de mim? Como o amor pode levar à loucura se o amor é a essência da vida? Em que parte a linha do amor e do ódio se cruza? Cruza-se? Então não era amor? Então era ódio? O que acontece nos relacionamentos que esta linha é constantemente transposta? E quais as atitudes de um ou outro, no casal, que este sentimento que move o mundo, as grandes poesias e canções, tem para que mine o amor? Perguntas. Perguntas e perguntas. Cada um tem as suas respostas, pois o que é certo para um é meio certo para o outro. Totalmente errado ou cem por cento certo. Quem sabe?
Vou citar um amigo, uma pessoa linda que tive o prazer de conhecer, e sei que ele também citou outros autores. Tirou suas próprias conclusões, mas mesmo que eu e ele tivéssemos lido os mesmo livros e assistido as mesmas palestras sobre o tema, ainda assim teríamos conclusões diferentes, ou parcialmente diferentes. Ele cita:” O maior sentimento de amor dolorido,  é quando ele falta, mesmo quando já não queremos mais, e aí resolvemos sair. Não tem maior dor, quando o amor falta, quando ele sai de repente.”
De fato o amor causa dor. Não há como amar sem dor. E às vezes, há quem diga e sinta, que na iminência de perder o ser amado, mesmo que esta urgência ou possibilidade não sejam reais, já se sente uma dor profunda. Mas não creio que ela seja de repente. Nos relacionamentos, muito raramente algo vai acontecer de repente. Algo já vinha afundando e ninguém percebeu. Ou aquela máxima de ser tão dolorido que é melhor não ver. E quando viu... Partiu. Já foi. Acabou. Portanto, não foi de repente.
Outra citação do meu amigo, aqui concordo totalmente...” O amor dá muito trabalho, mas muito trabalho, pois é uma construção permanente, diária, de detalhes (como dizem o diabo mora nos detalhes)”.A convivência diária, sobre o mesmo teto ,requer altas doses de exercício de paciência. Tolerância. Resiliência. Respiração profunda. Contar até mil. Ignorar alguns pequenos deslizes, não se ater a alguns detalhes. Ceder. Enfim, dá ou não dá trabalho?
E vejam que aqui é apenas amor de homem-mulher. Não o amor incondicional de mãe-filho.
De qualquer forma quando o amor nos acena ficamos embriagados. A possibilidade de nos sentirmos vivos, acessos, alertas, eufóricos nos faz esquecer a dor e o trabalho. Difícil é quando a vida nos prega peça e nos confunde com um amor impossível, improvável. E acontece aqui, ali, lá. Simplesmente acontece. Triste é quando o tempo passa e deixa a dor e a nostalgia de não ter vivido este amor. E agora citando outra pessoa querida de 82 anos que reencontrou um amor, depois de mais de quatro décadas e descobriu que ainda há amor. “Ele me apertou na cintura. Fiquei tão feliz”. Depois de ouvir isso, tive que escrever este texto.

Quer saber!? Se colocar o vinho no copo beba até a última gota. Quatro décadas é tempo demais para esperarmos um apertão na cintura. Que seja agora. Que seja já. Com toda dor e trabalho que o amor dá.

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